josefim é um porto incomum: não se escoa nada, mas movimenta-se bastante os consertos de embarcações. e talvez fosse bastante comum que uma cidade vivesse de concertos, mas josefim era um exílio: as mulheres vinham aqui consertar seus barcos avariados pelas tempestades e mau humor das marés.
quando completou 18 anos, rodolfo decidiu partir de josefim. sua mãe há muito se fora em barco consertado por ela mesma. lembrava-se muito pouco dela, tudo que lhe restava eram alguns lenços que a maresia levou o cheiro.
para que seu plano desse certo, era necessário aprender o conhecimento dos barcos. e somente as mulheres com seus barcos feridos poderiam lhe dizer como construir um.
naquele momento havia 3 barcos no porto.
o primeiro era de manuela. ela tinha um barco com paredes cheias de mãos de tintas. podia-se ver nos buracos que o recife causara, as várias camadas e cores. quando rodolfo pediu que lhe ensinasse o conhecimento dos barcos, ela riu e disse:
— sei que há culpa aqui de ter paredes tão fracas, cubro com algumas táboas, pinto e continuo. talvez as madeiras.
manuela tampou o buraco, pintou com um resto de tinta antiga e partiu sem mais.
o segundo barco era de andréia. estava com as velas rasgadas e num canto, ela estava costurando. rodolfo, mais cuidadoso, começou a conversar sobre amenidades. observou o quanto o barco era forte, mas andréia era muito quieta e pouco falava de si. rodolfo percebeu que ela gostou um tanto dele pelo sorriso e ele fez um comentário sobre o vestido. ela se retraiu.
no outro dia, ela havia partido. nas águas havia uma vela rasgada em forma de vestido. rodolfo a imaginou nua em seu barco, mas compreendeu que nunca havia pano que bastasse para sua vela.
o terceiro era de joana. rodolfo perguntou se podia dar uma carona até um lugar onde pudesse aprender sobre engenharia naval. joana o ignorou da primeira vez, mas da segunda rodolfo lhe disse que todos os barcos partiram e continuariam a partir e ele só queria partir também. então joana deixou que ele entrasse e então se aventuraram no mar, finalmente para chegar.