matemática

a razão pela qual escrevo se resume a matemática.
às vezes acho que as pessoas querem que escrevamos para dividir.
para dividir suas próprias angustias.
mas gosto de escrever para encontrar
o que vem antes e depois das casas decimais:
uma virgula disfarçada de infinito.

história da cadeira

toda vez que vou a casa dela, tiro alguns minutos para ficar olhando a cadeira que ela sempre deixa ao lado da cama. nunca a vi sentada ali. é um lugar que não favorece a pouca paisagem da janela; distorce os amores da televisão e apenas dá pistas dos acontecimentos do banheiro.

algumas vezes já fiz usos que não de cadeira: apoiar os pés, subir para pegar um livro alto e até alongamento. e toda vez ela devolve ao seu lugar.

perguntei pela história da cadeira. respondeu-me:

— pergunte a ela que conhece todos os meus choros.